Como Buenos Aires se transformou para favorecer o comércio

Ambas possibilidades, entretanto, não fazem parte da realidade de muitos comércios, e por essa razão, a utilização de ruas e calçadas tem sido uma boa alternativa para esses empreendimentos ao redor do mundo.
Na cidade de Buenos Aires, na Argentina, 100 mil metros quadrados de avenidas, ruas e passarelas foram escolhidos para receber uma série de intervenções para promover o comércio local e evitar multidões.
Espaços para pedestres foram ampliados em ruas, avenidas, passarelas e viadutos com alto fluxo de pedestres a fim de garantir o distanciamento social. Além disso, a velocidade dos automóveis foi reduzida em diferentes eixos da cidade.
A proposta, de acordo com a arquiteta Carolina Truzzo, do setor de Planejamento e Mobilidade de Buenos Aires, é dar ao espaço público um novo uso pautado em sustentabilidade, adaptável às novas normalidades de segurança, e replicável em todos os bairros da cidade de Buenos Aires.
Em relação à mobilidade urbana, a ideia é eliminar a necessidade de transporte público e o uso de veículos individuais para pequenas distâncias, e ampliar a adesão às bicicletas.
O projeto contempla, especialmente, áreas próximas a corredores gastronômicos. Segundo Carolina, os novos tipos de intervenção realizados em eixos comerciais estão localizados em 15 pontos da cidade.

Feiras locais: O funcionamento das feiras locais também foi reduzido e reprogramado – permite-se que ocorram no máximo quatro feiras nessas demarcações. A população tem acesso controlado para evitar aglomerações dentro do espaço. As barracas estão a uma distância segura e apresentam elementos protetores separando vendedores de consumidores, além da distribuição de álcool gel.

O manual detalha os materiais e técnicas de produção e define os componentes de projeto necessários para que o comerciante faça a intervenção de forma independente. A proposta é delimitar distâncias pessoais nas filas de espera com elementos cotidianos, como fitas, adesivos, mesas ou cadeiras.
Critério de seleção das áreas de intervenção: Importantes eixos comerciais da cidade foram priorizados, onde há maior densidade de pedestres ou potenciais multidões podem ser geradas.
Velocidades máximas: Para que esses novos espaços sejam seguros para um maior volume de pedestres foi necessário adaptá-los já que geralmente possuem outro tipo de uso. A velocidade máxima dos veículos foi reduzida em 10 km/h, dependendo da velocidade máxima normalmente estabelecida. Ou seja, algumas avenidas passaram de 60 para 50 km/h e assim por diante – a velocidade foi alterada em todo o trecho da intervenção e nos 100 metros que antecedem cada adaptação.
Além disso, cada espaço traz sinalizações e placas de trânsito comunicando as alterações e agentes de trânsito acompanham cada uma dessas intervenções para garantir que tudo seja cumprido e as velocidades respeitadas.
Fonte: Diário do Comércio | 21 de outubro de 2020.